Em virtude da pandemia, a Direção Sindical (SINASEFE Litoral) alocou os recursos que usualmente são utilizados para às confraternizações de final de ano das unidades do Instituto Federal Catarinense (IFC), em ações solidárias. Desta forma, foi destinado R$17.500,00 para ações solidárias nas regiões em que estão situadas as unidades dos Institutos Federais (IFC). Diante desta oportunidade, a servidora Flávia de Souza Fernandes, professora no IFC em Camboriú e associada da Associação Nacional de Gerontologia de Santa Catarina (ANG SC), escreveu duas ações, uma delas para contemplar a Associação da Melhor Idade (AMAI), que é uma associação sem fins lucrativos reconhecida como associação de utilidade pública e tem por finalidade promover a qualidade de vida por meio de atividades cognitivas, físicas e sociais para as pessoas idosas. É também a entidade que representa as pessoas idosas no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa no país. A AMAI atua com o ensino de línguas desde o ano de 2012 e, desta forma, a associação contribui com experiências bem sucedidas para a garantia de oportunidades, acesso e permanência nos processos de aprendizagem para às pessoas idosas da região do Vale do Itajaí. Permitindo ainda, a participação no Mapeamento de boas práticas em ações voltadas para a melhoria da qualidade de vida da população idosa e por este motivo, recebeu o valor de R$2.500,00 destinado da ação solidária do SINASEFE Litoral para compra de produtos de higiene e limpeza. A entrega das doações ocorreu no dia 15 de fevereiro na presença da presidente da entidade, sra. Antoninha Laídes Fritz na sede em Balneário Camboriú.
Especialista em gerontologia e supervisora no Residencial Bethesda, Joinville
O Estado de Santa Catarina possui 581.352 casos confirmados de Covid-19, sendo que 559.697 pessoas se recuperaram e 15.778 estão em acompanhamento, havendo 6.416 óbitos, segundo o último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde divulgado no dia 02 de fevereiro de 2021.
A maior ocorrência de infecção está em Joinville, que registrou até aquela data 54.413 casos e 626 óbitos. Para o controle de risco de contagio, o município está na região de saúde do planalto norte, considerada em risco potencial gravíssimo. De acordo com a estimativa do IBGE, possui 597.658 habitantes, sendo a maior cidade de Santa Catarina e a terceira mais populosa da região Sul do Brasil.
Joinville iniciou a vacinação no dia 19 de janeiro utilizando as doses recebidas da Secretaria Estadual de Saúde para vacinar 5.624 pessoas na primeira etapa. Destas, 882 pessoas com mais de 60 anos que moram em instituições e 4.742 para profissionais da saúde que atuam na linha de frente.
O ato simbólico foi realizado no Hospital Municipal São José com a primeira dose do imunizante nos profissionais da saúde. Já os idosos que moram em Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPIs, começaram a ser imunizados contra a Covid-19 na quinta-feira subsequente (21). No município de Joinville existe o registro junto ao Conselho Municipal dos Direitos do Idoso – COMDI de 38 Instituições de Longa Permanência para Idosos, sendo que o Residencial Bethesda é a maior e mais antiga das ILPIs do município e está em funcionamento ininterrupto desde 1934 com capacidade para 110 idosos, atendendo atualmente 90 idosos.
O professor Paulo Roland Unger, de 89 anos, que ensinou ciências e biologia por mais de 50 anos, foi primeiro a receber a vacina no Residencial, já Isolde Laura Scholz, de 103 anos, foi a segunda imunizada e Otto Eduardo Kuhr, de 99 anos, o terceiro. Além deles, todos os outros moradores já foram vacinados na Instituição. O professor aposentado recebeu várias mensagens nas redes sociais de seus alunos, após verem a foto dele sendo vacinado, ficando surpreso e emocionado com tanto carinho (confira o vídeo).
Quando a emoção e a razão se misturam… destacam-se os sentimentos de que “tudo vai ficar bem”, os quais foram expressos de várias formas durante a vacinação contra COVID-19 nos últimos dias. O olhar de cada pessoa idosa imunizada, vislumbra o horizonte e “em segundos, passa um filme na cabeça”, relata um senhor longevo que desde março de 2020, acompanha atentamente todos os rastros que a pandemia deixa na humanidade.
Bom, a partir de agora não é mais uma questão de não saber o que fazer. “Estamos vacinados, é a primeira dose, entendo, ainda não mudou nada na rotina, mas foi um grande passo”, encoraja uma senhora longeva que há meses em isolamento imposto pela pandemia, vislumbra.
Um grande passo para a humanidade. Um gigante passo para cada pessoa idosa institucionalizada, que com a primeira dose da vacina já faz planos. Sim, são pessoas que têm idade suficiente para relatar inúmeros fatos que presenciaram na sociedade desde a década de 1920 até agora, e se mantém lúcidas, atentas e questionadoras: “Porque demora tanto para vir a cura? Não temos mais muito tempo!”, declara uma senhora de 76 anos.
Outra pauta que é de extrema relevância quanto à imunização é a recusa por uma parcela mínima de pessoas idosas, e também de alguns familiares. Recomenda-se sempre, que busquem orientação em órgãos competentes e fontes seguras de informações. A imunização é um direito que o cidadão tem, e esse direito passa a ser do coletivo, relacionado ao bem comum. Quanto maior o número de imunizados, maior a abrangência de proteção, e é esse o nosso objetivo.
Nosso papel como gestores de ILPI é, no mínimo, planejar as ações envolvendo todos os profissionais da área da saúde, organizar as ações envolvendo todos os colaboradores, dirigir essas ações analisando criticamente cada uma delas, e, por fim, fazer o controle permanente do quadro geral, tanto dos residentes idosos como dos colaboradores.
Quando a emoção e a razão se misturam… por fim, acredita-se que “tudo vai ficar bem”! Virão mais doses para contemplar os grupos prioritários e assim avançar! Até lá, fica a dica para a prevenção.
Prevenir o COVID-19 é fazer o uso da máscara quase que 100% do tempo, lavar as mãos com muita frequência, utilizar o álcool em gel para reforçar a higienização e manter o isolamento social. Se cada um fizer a sua parte, o vírus se propagará de forma mais lenta, dando tempo de mais pessoas serem imunizadas.
Fica a dica imperdível de um senhor de 89 anos: “Tenha medo da doença, não da vacina!”
Para os demais idosos que residem na comunidade, a prefeitura disponibilizou uma página do site oficial do município para que idosos acima de 60 anos e profissionais da saúde ainda não imunizados façam um cadastro prévio. O objetivo é organizar o agendamento dos horários para a aplicação das vacinas (confira).
Fotos: Prefeitura Municipal de Joinville, cedidas pela instituição.
Flávia de Souza Fernandes – Doutora em Ciências da Saúde
Em dezembro de 2019 surgiu na China um novo coronavírus denominado “Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus-2” (SARS-CoV-2), mais conhecido por COVID-19. A COVID-19 é uma doença infecciosa e tornou-se o mais grave problema de saúde pública, tendo sido declarada uma pandemia em 11 de março de 2020. Foram confirmados, até o momento, no mundo 102.791.996 casos e 2.224.395 mortes até 31 de janeiro de 2021.
No Brasil, não há dados disponíveis sobre o número de casos novos na faixa etária pediátrica. mas estudos chineses, italianos, ingleses, espanhóis, franceses e norte-americanos estimam que o número de casos na faixa pediátrica seja de 1% a 5% do total dos casos confirmados. Já nas pessoa idosas, este número cresce significativamente. Todos correm o risco de contrair COVID-19, mas as pessoas idosas têm maior probabilidade de desenvolver a forma grave da doença. Pessoas idosas com mais de 80 anos tem uma probabilidade cinco vezes maior de morrer pela infecção, revela o relatório das Nações Unidas. Este também é o caso das Américas, onde a maioria das mortes por COVID-19 ocorre entre pessoas com 70 anos ou mais, seguidas de pessoas com idade entre 60 e 69 anos.
Os sintomas mais comuns da COVID-19 são febre, cansaço e tosse seca. Alguns pacientes podem apresentar dores, congestão nasal, dor de cabeça, conjuntivite, dor de garganta, diarreia, perda de paladar ou olfato, erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés. Esses sintomas geralmente são leves e começam gradualmente. Diante deste quadro no país, diversas medidas de isolamento social foram instituídas como: o fechamento das escolas, universidades, clubes, praças, parques e locais de atividade física, o que enclausurou adultos, crianças e pessoas idosas. Mesmo estudos comprovando que as pessoas idosas são as mais afetadas pela doença, foi necessário este protocolo por pouco se saber sobre o vírus e para prevenir a propagação da mesma. As crianças e os adolescentes foram afastados do convívio social e forçados ao isolamento e, desde então, iniciou uma busca incessante para produzir uma vacina para tratar a COVID-19.
Em dezembro de 2020, algumas vacinas receberam autorização para uso emergencial em alguns países. Estudos abrangentes sobre várias vacinas candidatas têm relatado resultados preliminares encorajadores e algumas já foram aprovadas para uso na população, enquanto outras, ainda precisam da aprovação das autoridades regulatórias nacionais. Um estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), intitulado: Estudo de Eficácia Clínica Fase III, randomizado, duplo cego, placebo controlado da Vacina MMR (Sarampo, Caxumba e Rubéola) na Prevenção ou Redução da Severidade da COVID-19 em Homens e Mulheres de 18 a 60 anos Profissionais da Área da Saúde, está sendo realizado e apresentou resultados preliminares muito promissores. Cabe ressaltar que o estudo acontece no do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (FAPESC).
Segundo o pesquisador responsável pela pesquisa, o Professor Edison Natal Fedrizzi, “estudos têm mostrado que algumas vacinas, particularmente as com microorganismos vivos e atenuados apresentam uma excelente resposta imunológica a vários outros agentes não presentes na vacina, a chamada imunidade heteróloga. Esta imunidade está relacionada com a primeira fase de estimulação do nosso sistema de defesa frente a algum agressor e é inespecífica (imunidade inata), ou seja, age frente a qualquer micoorganismo oportunista”.
Os resultados preliminares deste estudo demonstraram que não houve redução no número de casos de COVID-19 no grupo vacinado, comparado ao grupo placebo. No entanto, observou-se o dobro de risco de os pacientes que receberam placebo apresentarem casos sintomáticos em comparação ao grupo vacinado, ou seja, uma redução de 54% de chance de o grupo vacinado ter COVID-19 sintomática (RR=2,13; IC95%:1,03 a 4,43; p=0,024). Também houve redução no risco de internação hospitalar de 74% para os vacinados (RR: 0,26; IC95%: 0,07 a 0,99; p=0,036).
Detalhando um pouco mais sobre esta vacina (MMR), sabe-se que é composta pela combinação de vírus vivos atenuados, distribuída na Rede pública para prevenir Sarampo, Caxumba, Rubéola e aplicada em todas as crianças aos doze meses de idade e nos momentos em que ocorrerem as campanhas de seguimento para vacinação. Esta vacina tem indicação de ser aplicadas também em adolescentes e adultos.
Os resultados do estudo da equipe da UFSC demonstraram resultados de eficácia semelhante a algumas vacinas específicas divulgados em estudos recentes. O responsável pela pesquisa alerta: “Em hipótese alguma a vacina tríplice viral irá substituir a vacina específica. No entanto, seria muito útil se fosse possível vacinar os grupos não prioritários com esta vacina até que tenhamos a disponibilidade de vacinar toda a população com as novas vacinas contra a COVID-19”.
É fundamental lembrar que, embora as vacinas possam ajudar a acabar com a pandemia, as medidas preventivas devem ainda serem tomadas, para que o vírus não se espalhe e cause mais mortes. Por isso, recomendo que toda a população deve lavar as mãos frequentemente com água e sabão, utilizar álcool em gel e cobrir a boca com o antebraço quando tossir ou espirrar (ou utilize um lenço descartável). Ainda, é importante manter-se a pelo menos 1 metro de distância das outras pessoas. A nível individual, essas medidas de proteção funcionam, inclusive, contra as novas variantes identificadas até o momento.
Confira um vídeo do Programa Balanço Geral, que traz mais detalhes sobre a pesquisa (ACESSE AQUI).
Foram muitos meses de angústia e espera pela chegada de uma vacina que pudesse frear a pandemia e trazer esperança de novos tempos. Nos últimos meses a comunidade científica realizou inúmeros esforços para acelerar a descoberta de um imunizante, sem abrir mão de segurança, o que vem exigindo grandes desafios.
Nesta segunda-feira, dia 18 de janeiro de 2021, foi iniciada oficialmente a vacinação contra a Covid-19 em Santa Catarina tornando-se um marco histórico em nosso Estado. A abertura da campanha ocorreu em um ato público no Instituto de Cardiologia, em São José, na Grande Florianópolis contando com a presença do Governador e de várias autoridades.
O primeiro idoso vacinado em SC foi João de Jesus Cardoso, de 81 anos, residente no Lar de Zulma (São José) desde março de 2017, representando todos os idosos que se encontram institucionalizados.
Em contato com a instituição foi disponibilizado um vídeo gravado com o idoso relatando que gostou de participar da vacinação, que não ficou nervoso e que daqui pra frente as coisas vão melhor. Ele também agradeceu a Deus pedindo a Ele para nos ajudar.
Além do senhor João foram vacinados o enfermeiro Júlio César Vasconcellos de Azevedo, de Florianópolis e a gestora ambiental Eunice Antunes (nome indígena Kerexu Yxapyry), liderança da terra indígena Morro dos Cavalos, em Palhoça.
ALGUNS PASSOS ATÉ A CHEGADA DA VACINA
08/12/2020 – A revista científica The Lancet publicou os dados preliminares da última fase de testes da vacina da Universidade Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca.
16/12/2020 – Lançamento do Plano Estadual de Vacinação contra a Covid-19 em Santa Catarina, estabelecendo que o trabalho de imunização da população catarinense ocorrerá em consonância com o Governo Federal e os municípios.
06/01/2021 – Os diretores e pesquisadores do Instituto Butantan participaram de uma reunião técnica e apresentaram os primeiros dados sobre a eficácia da vacina Coronavac.
08/01/2021 – O Instituto Butantan, em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac entraram com pedido de uso emergencial da vacina Coronavac na Anvisa.
08/01/2021 – A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) entrou com pedido de uso emergencial da vacina desenvolvida pela farmacêutica AstraZeneca/Oxford na Anvisa.
17/01/2021 – A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou o uso emergencial das primeiras doses das vacinas contra a covid-19: AstraZeneca/Oxford e Coronavac.
18/01/2021 – As vacinas chegaram ao Estado e foram alocadas no centro de armazenamento e distribuição da Secretaria de Estado da Saúde em São José. Santa Catarina recebeu pouco mais de 144 mil doses que serão direcionadas aos grupos prioritários.
18/01/2021 – Abertura da campanha de vacinação com cerimônia na Grande Florianópolis.
19/01/2021 – Logística de distribuição da vacina para as regionais de saúde espalhadas por todo o Estado com início da vacinação pelos municípios.
OS IDOSOS COMO GRUPO PRIORITÁRIO
O Plano Estadual de Vacinação(ACESSE AQUI) tem o objetivo de operacionalizar e definir as diretrizes de vacinação contra Covid-19 no território catarinense por meio da Secretaria de Estado da Saúde. Este plano está em conformidade com as diretrizes nacionais e define que a vacinação ocorrerá em quatro etapas priorizando grupos e considerando informações epidemiológicas, comorbidades e dados populacionais.
A população idosa é considerada como grupo prioritário e por isso na fase 1 constam as pessoas com 60 anos ou mais que vivem em Instituições de Longa Permanência e idosos da comunidade a partir dos 75 anos de idade, além dos trabalhadores da saúde e população indígena. Já na fase 2 devem ser vacinadas as pessoas de 60 a 74 anos cuja a estimativa é de 844.644 pessoas.
Devido a disponibilidade restrita da vacina neste momento, o Ministério da Saúde enviou 144.040 doses ao estado e, assim, a previsão é imunizar em torno de 68 mil catarinenses, considerando que são necessárias duas doses. Portanto, definiu-se que inicialmente serão vacinadas as pessoas com mais de 60 institucionalizadas (6.026); população Indígena (7.710) e trabalhadores da saúde (54.385). A intenção é proteger os grupos mais vulneráveis ou mais expostos à infecção e fechar as possíveis cadeias de transmissão nas ILPIs imunizando, inclusive, os trabalhadores destes locais.
Altas letalidades por Coronavírus (SARS-CoV-2) têm sido associadas a pacientes idosos ou à presença de comorbidades mais comuns nestes pacientes ocasionadas por maiores déficits no sistema imunológico. As Instituições de Longa Permanência para Idosos concentram pessoas com maior perfil de fragilidade e as características de uma residência coletiva podem atuar como um agravante na propagação das infecções (BARRA et al., 2020; Lloyd-Sherlock et al., 2020; LAI et al., 2020; MACHADO et al., 2020).
De acordo com o Manifesto da Frente Nacional de Apoio as ILPIs/FN-ILPI (ACESSE AQUI), publicado em dezembro de 2020, a taxa de letalidade é muito alta entre os idosos institucionalizados, sendo que a cada 5 residentes de ILPI acometidos pela COVID-19, um falece. A FN-ILPI é um espaço democrático de estudos, pesquisas, planejamento, articulações e fomento que desenvolveu muitas ações de apoio aos gestores das ILPIs, por meio de capacitações técnicas, fóruns de discussões e reivindicação de políticas. Com o trabalho desenvolvido foi possível minimizar o impacto da pandemia nestas instituições, pois o número de óbitos entre residentes nas ILPIs no Brasil não alcançou a magnitude observada em outros países, como no Canadá, por exemplo, em que representaram 85% de todos óbitos ocorridos pela COVID-19.
Para ilustrar como foi realizado o manejo das ILPIs e o cuidado com os idosos durante a pandemia consultamos a gestora de uma instituição que nos enviou o depoimento:
“Eu destacaria algumas coisas, a primeira foi que os idosos cuidaram muito da gente também, eles estão sendo muito resilientes e sábios como a vida lhes ensinou. Muitas vezes, em situação de desespero, eles nos acalmavam, o que foi uma grande lição para perceber esse olhar de sabedoria das pessoas idosas. Também destaco que foi um desafio imenso em uma situação totalmente inusitada e inesperada, porque ninguém nunca passou por isso. Então, nós tivemos que nos reinventar com a ajuda mútua dos idosos, dos familiares, dos colaboradores, da equipe, dos parceiros e ninguém mediu esforços para que a gente conseguisse controlar o ambiente e diminuir o risco. A união foi muito importante e, logo no início da pandemia, quando ocorreu o caos a gente cogitou até mesmo o confinamento dos funcionários e todos se colocaram à disposição. Nós só podemos agradecer porque é nos momentos de crise que a gente pode contar com todos […] ainda, destaco a grande participação da família, os familiares que estavam acostumados a nunca ter horário de visita […] então as famílias tiveram uma compreensão muito especial do momento e se adaptaram aos meios virtuais, ao distanciamento, mas nunca deixaram de dar assistência, apoio e o aporte que os idosos precisam”
(Maitê Oliveira Souza – Enfermeira, gestora da Bella Vita Residencial Geriátrico e conselheira municipal do idoso de Florianópolis)
E qual o seu sentimento com a chegada da vacina?
“A palavra é esperança que essa fase logo vai passar, muito agradecida, gratidão pelos idosos institucionalizados serem prioridade na vacinação e acho que isso demonstra um olhar especial para essas pessoas que estão nessas instituições de residência coletiva. É uma demonstração de que estão sendo vistos pelo poder público de uma forma especial. Então nós só temos a agradecer e o sentimento é de esperança e de muito entusiasmo, ansiedade para que chegue logo essa vacina. Estamos na expectativa que a gente receba ainda essa semana e todos os idosos já estão super ansiosos, querem tirar foto e fazer vídeo. Estamos bem felizes, mas ainda com todo o cuidado e já orientando na nossa educação continuada com todos os colaboradores que mesmo tomando a vacina continuaremos com os cuidados que a gente vem tomando. Graças a Deus não tivemos casos e estamos torcendo para que tudo isso acabe e que essa vacina possa chegar a todas as faixas etárias para que a gente possa ter uma rotina mais normal”
(Maitê Oliveira Souza – Enfermeira, gestora da Bella Vita Residencial Geriátrico e conselheira municipal do idoso de Florianópolis)
Segundo o último boletim epidemiológico da Diretoria de Vigilância Epidemiológica / DIVE-SC(ACESSE AQUI), atualizado em 13/01/2021, os grupos mais acometidos pela infecção da COVID-19 são a faixa etária de 30 a 39 anos seguido pelas pessoas com idades entre de 20 a 29 anos. Com isso, as duas faixas etárias são responsáveis por 46% dos casos e constituem-se os grupos que tem o maior potencial de transmissibilidade. Já ao analisar os grupos que compõem as faixas etárias mais avançadas, observa-se que o percentual de infectados é muito mais baixo, porém o percentual de óbitos e a taxa de letalidade são bastante elevados. Na faixa etária entre 80 e 89 anos os infectados representam 1,3% do total de casos, no entanto, a proporção de óbitos é de 21,1%, e uma taxa de letalidade de 18,3%. De forma similar ocorre nas faixas de idade de 70 a 79 anos e em indivíduos com mais de 90 anos, os indivíduos entre 70 e 79 apresentam a maior proporção de óbitos entre todas as faixas etárias com 27,3% (conforme gráfico). A taxa de letalidade varia conforme a idade dos infectados, e quando observados apenas os indivíduos a cima de 90 anos a letalidade no Estado é de 24,6%, ou seja, a cada 100 pessoas infectadas com idade maior de 90 anos 25 pessoas foram a óbito.
IMPORTÂNCIA DA VACINAÇÃO
Natalia Pasternak, PhD com pós-doutorado em Microbiologia e diretora-presidente do Instituto Questão de Ciência em entrevista ao Jornal do Almoço, do dia 19 de janeiro, tirou dúvidas da população em relação a vacina. Segundo ela, as duas vacinas que estão disponíveis foram aprovadas pela Anvisa, que é muito séria e rigorosa, o que significa que são seguras e eficazes o suficiente para o que precisamos no momento, ou seja, são capazes de reduzir casos de doenças graves, hospitalização e morte.
Ainda, relatou que a preocupação e insegurança, principalmente das pessoas mais idosas, quanto a ato de se vacinar são legítimas, mas esclarece que a vacina não provoca a doença, pois não contém organismos vivos capazes de provocar a Covid. Toda a vacina é uma formulação inativada para enganar o nosso sistema imune o fazendo reagir com a produção de anticorpos para que no momento que a pessoa tiver contato com o vírus o organismo possa se defender de forma eficaz.
A cientista confirma que só teremos o benefício da proteção coletiva quando a maioria da população estiver vacinada. Nesse sentido, os órgãos públicos precisam acolher o medo das pessoas e desenvolver boas campanhas de comunicação e esclarecimento. Confira o vídeo na íntegra
A Frente Nacional de Fortalecimento de Conselhos de Direitos da Pessoa Idosa (FFC) lançou orientações (ACESSE AQUI) para que esses importantes órgãos de controle social possam auxiliar o processo de vacinação em seus municípios: mantendo contato com a prefeitura municipal para verificar o calendário e critério de priorização da população; acompanhando a execução da vacinação no município; realizando campanha de conscientização e divulgação sobre a vacinação; fazendo contato com as Instituições de Idosos e Grupos de Idosos do município, para verificar o atendimento na vacinação e orientar no que for necessário; informando as autoridades competentes caso haja o cerceamento ou algum óbice ao atendimento do idoso para receber a vacina, além de combater as Fake News.
AS PRÓXIMAS ETAPAS…
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Catarina tem uma população estimada de 7.252.502 milhões de habitantes;
Recebeu 144 mil doses da CoronaVac nessa primeira remessa;
Irá imunizar 68 mil pessoas inicialmente;
A população estimada no primeiro grupo de vacinados é de 426.678 (fase 1);
Portanto, a primeira remessa da vacina CoronaVac cobre 15,9% do grupo prioritário na fase 1;
Sendo assim, estamos apenas iniciando um processo de vacinação que deve se estender durante um longo período exigindo calma e conscientização de toda a sociedade. De acordo com as informações publicizadas por diversos órgãos de imprensa, o governo estadual orienta que os catarinenses acompanhem as atualizações e aguardem seu grupo ser chamado para a vacinação pelas autoridades de saúde.
A ação acontecerá em consonância com os municípios catarinenses, que são os executores da campanha junto à população. Nesta primeira etapa, a vacina contra o Coronavírus não será feita em Centros de Saúde, mas diretamente nos locais de trabalho dos profissionais de saúde e Instituições de Longa Permanência, conforme agendamento da Secretaria Municipal de Saúde.
O Ministério da Saúde alerta sobre tentativas de golpe em que criminosos simulam o agendamento da vacina para clonar dados. A vacinação contra a covid vai ser igual às outras em que as pessoas vão aos postos de saúde ou pontos utilizados em campanhas de imunização, e lá será identificada e cadastrada na hora. Por isso, orienta as pessoas que se receberem ligações ou mensagens pelo celular, com promessa de agendamento de vacinação, e solicitando dados pessoais ou outras informações, não forneçam qualquer dado e denunciem a autoridades competentes.
Além disso, é muito importante que continuemos exercendo nossa cidadania e tomando todos os cuidados sanitários como: uso de máscara, higienização das mãos e distanciamento social até que a maior parte da população tenha recebido as duas doses da vacina. Um recado urgente vai para os jovens que fazem aglomerações, participam de festas clandestinas e agem normalmente como forma de negacionismo da doença. Eles devem se lembrar que vivem em comunidade podendo ser vetores de transmissão de uma doença que pode ter um desfecho fatal aos seus entes amados, como seus pais e avós.
Ficamos na torcida para a chegada de novas doses da vacina e que, o mais breve possível, toda a população idosa possa estar imunizada.
Fontes de consulta:
Barra RP, EN Moraes EN, Jardim AA, Oliveira KK, Bonatti PCR, Issa AC. A importância da gestão correta da condição crônica na Atenção Primária à Saúde para o enfrentamento da COVID-19 em Uberlândia, Minas Gerais. APS em Revista 2020; 2(1):38-43.
Lloyd-Sherlock P, Ebrahim S, Geffen L, McKee M. Bearing the brunt of covid-19: older people in low and middle income countries. BMJ 2020; 368:m1052 [acessado 2020 Abr 30]. Disponível em: https://www.bmj.com/content/368/bmj.m1052
Lai CC, Wang JH, Ko WC, Yen MY, Lu MC, Lee CM, Hsueh PR; Society of Taiwan Long-term Care Infection Prevention and Control. COVID-19 in long-term care facilities: An upcoming threat that cannot be ignored. J Microbiol Immunol Infect 2020; 53(3):444-446.
Machado CJ et al. Estimativas de impacto da COVID-19 na mortalidade de idosos institucionalizados no Brasil. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2020, v. 25, n.9, pp.3437-3444.
Torna-se motivo de muito orgulho para a ANG SC a notícia de que o “Projeto De Geração para Geração”, o qual tem entre as idealizadoras a nossa associada Malvina Juliane Ribeiro, recebeu destaque e premiação em âmbito nacional. Pois é uma das bandeiras de luta da Associação Nacional de Gerontologia a educação para o envelhecimento em todo o país.
O 1º Prêmio de Aprendizagem Solidária – Experiências que transformam, é uma iniciativa da Rede Brasileira de Aprendizagem Solidária (RBAS), com coordenação técnica do Centro de Estudos em Educação, Cultura e Ação Comunitária (CENPEC), do Instituto Singularidades, do Movimento Futuro, da Organização dos Estados Ibero-americanos para Educação, Ciência e Cultura (OEI) no Brasil e da Mori Educação e apoio do Centro Latino-Americano de Aprendizagem e Serviço Solidário (CLAYSS). Tem como objetivo Identificar, reconhecer e valorizar práticas de aprendizagem que promovam ações de solidariedade, a partir do diagnóstico e intervenção em problemas reais de comunidades e territórios.
O projeto desenvolvido na Escola Básica Municipal Tancredo de Almeida Neves em Indaial-SC tem o apoio e foi inscrito em parceria com a diretora Janaina Traerbert ficando com a terceira colocação na categoria Instituições de Educação Básica I. Esse reconhecimento demonstra como é importante que a gestão pública e os profissionais da educação estejam sensibilizados com essa pauta para a realização de iniciativas similares.
“De Geração para Geração” é um projeto social que promove troca de experiências entre crianças e idosos em escolas. Assim, por meio da convivência intergeracional ocorrem novos aprendizados e benefícios para ambas as gerações. As crianças aprendem novos valores, conhecimentos e experiências e os mais velhos sentem-se mais valorizados e aumentam a autoestima.
Para a idealizadora e coordenadora: “Ser reconhecido e ganhar um prêmio deste, não só para o projeto, mas para a escola, para a comunidade e toda a cidade de Indaial é de suma importância. É uma honra e recebemos com muita felicidade, pois estávamos concorrendo com projetos maravilhosos do Brasil todo”. Para Malvina esse reconhecimento facilita muito no processo de divulgação e inserção em outros ambientes e em outros municípios: “É importantíssimo saber que esse projeto pode ser replicado em outras escolas, pois esse é o nosso maior desejo que ele seja replicado em outras escolas”, completa.
Torna-se interessante perceber que a iniciativa mesmo neste ano de pandemia adaptou-se e manteve suas atividades de forma online e para 2021, a direção da escola pretende dar continuidade no ambiente escolar. Com a premiação, além do reconhecimento, o projeto recebeu apoio financeiro e participará de um curso formativo para potencializar e ampliar suas ações com a comunidade.