Flávia de Souza Fernandes – Doutora em Ciências da Saúde
Em dezembro de 2019 surgiu na China um novo coronavírus denominado “Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus-2” (SARS-CoV-2), mais conhecido por COVID-19. A COVID-19 é uma doença infecciosa e tornou-se o mais grave problema de saúde pública, tendo sido declarada uma pandemia em 11 de março de 2020. Foram confirmados, até o momento, no mundo 102.791.996 casos e 2.224.395 mortes até 31 de janeiro de 2021.
No Brasil, não há dados disponíveis sobre o número de casos novos na faixa etária pediátrica. mas estudos chineses, italianos, ingleses, espanhóis, franceses e norte-americanos estimam que o número de casos na faixa pediátrica seja de 1% a 5% do total dos casos confirmados. Já nas pessoa idosas, este número cresce significativamente. Todos correm o risco de contrair COVID-19, mas as pessoas idosas têm maior probabilidade de desenvolver a forma grave da doença. Pessoas idosas com mais de 80 anos tem uma probabilidade cinco vezes maior de morrer pela infecção, revela o relatório das Nações Unidas. Este também é o caso das Américas, onde a maioria das mortes por COVID-19 ocorre entre pessoas com 70 anos ou mais, seguidas de pessoas com idade entre 60 e 69 anos.
Os sintomas mais comuns da COVID-19 são febre, cansaço e tosse seca. Alguns pacientes podem apresentar dores, congestão nasal, dor de cabeça, conjuntivite, dor de garganta, diarreia, perda de paladar ou olfato, erupção cutânea na pele ou descoloração dos dedos das mãos ou dos pés. Esses sintomas geralmente são leves e começam gradualmente. Diante deste quadro no país, diversas medidas de isolamento social foram instituídas como: o fechamento das escolas, universidades, clubes, praças, parques e locais de atividade física, o que enclausurou adultos, crianças e pessoas idosas. Mesmo estudos comprovando que as pessoas idosas são as mais afetadas pela doença, foi necessário este protocolo por pouco se saber sobre o vírus e para prevenir a propagação da mesma. As crianças e os adolescentes foram afastados do convívio social e forçados ao isolamento e, desde então, iniciou uma busca incessante para produzir uma vacina para tratar a COVID-19.
Em dezembro de 2020, algumas vacinas receberam autorização para uso emergencial em alguns países. Estudos abrangentes sobre várias vacinas candidatas têm relatado resultados preliminares encorajadores e algumas já foram aprovadas para uso na população, enquanto outras, ainda precisam da aprovação das autoridades regulatórias nacionais. Um estudo realizado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), intitulado: Estudo de Eficácia Clínica Fase III, randomizado, duplo cego, placebo controlado da Vacina MMR (Sarampo, Caxumba e Rubéola) na Prevenção ou Redução da Severidade da COVID-19 em Homens e Mulheres de 18 a 60 anos Profissionais da Área da Saúde, está sendo realizado e apresentou resultados preliminares muito promissores. Cabe ressaltar que o estudo acontece no do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (FAPESC).
Segundo o pesquisador responsável pela pesquisa, o Professor Edison Natal Fedrizzi, “estudos têm mostrado que algumas vacinas, particularmente as com microorganismos vivos e atenuados apresentam uma excelente resposta imunológica a vários outros agentes não presentes na vacina, a chamada imunidade heteróloga. Esta imunidade está relacionada com a primeira fase de estimulação do nosso sistema de defesa frente a algum agressor e é inespecífica (imunidade inata), ou seja, age frente a qualquer micoorganismo oportunista”.
Os resultados preliminares deste estudo demonstraram que não houve redução no número de casos de COVID-19 no grupo vacinado, comparado ao grupo placebo. No entanto, observou-se o dobro de risco de os pacientes que receberam placebo apresentarem casos sintomáticos em comparação ao grupo vacinado, ou seja, uma redução de 54% de chance de o grupo vacinado ter COVID-19 sintomática (RR=2,13; IC95%:1,03 a 4,43; p=0,024). Também houve redução no risco de internação hospitalar de 74% para os vacinados (RR: 0,26; IC95%: 0,07 a 0,99; p=0,036).
Detalhando um pouco mais sobre esta vacina (MMR), sabe-se que é composta pela combinação de vírus vivos atenuados, distribuída na Rede pública para prevenir Sarampo, Caxumba, Rubéola e aplicada em todas as crianças aos doze meses de idade e nos momentos em que ocorrerem as campanhas de seguimento para vacinação. Esta vacina tem indicação de ser aplicadas também em adolescentes e adultos.
Os resultados do estudo da equipe da UFSC demonstraram resultados de eficácia semelhante a algumas vacinas específicas divulgados em estudos recentes. O responsável pela pesquisa alerta: “Em hipótese alguma a vacina tríplice viral irá substituir a vacina específica. No entanto, seria muito útil se fosse possível vacinar os grupos não prioritários com esta vacina até que tenhamos a disponibilidade de vacinar toda a população com as novas vacinas contra a COVID-19”.
É fundamental lembrar que, embora as vacinas possam ajudar a acabar com a pandemia, as medidas preventivas devem ainda serem tomadas, para que o vírus não se espalhe e cause mais mortes. Por isso, recomendo que toda a população deve lavar as mãos frequentemente com água e sabão, utilizar álcool em gel e cobrir a boca com o antebraço quando tossir ou espirrar (ou utilize um lenço descartável). Ainda, é importante manter-se a pelo menos 1 metro de distância das outras pessoas. A nível individual, essas medidas de proteção funcionam, inclusive, contra as novas variantes identificadas até o momento.
Confira um vídeo do Programa Balanço Geral, que traz mais detalhes sobre a pesquisa (ACESSE AQUI).
Fontes de dados:
www.paho.org/pt/vacinas-contra-covid-19
https://www.paho.org/pt/covid19
http://www.iff.fiocruz.br/pdf/covid19_saude_crianca_adolescente.pdf